O verão é sinónimo de férias. No entanto, o período de quase três meses de férias letivas das crianças e jovens, nem sempre coincide com as férias da família e não é compatível com a disponibilidade de muitos pais que têm que trabalhar nesta altura do ano.
É para dar resposta a esta inquietação que a Câmara Municipal de Guimarães, durante o mês de julho, no âmbito da programação das Atividades de Animação e Apoio à Família da educação pré-escolar e da Componente de Apoio à Família do 1.º ciclo, tem vindo a dinamizar um conjunto de atividades e vivências distintas daquelas que são proporcionadas no período letivo.
“Na programação destas atividades tentamos ser equitativos na sua distribuição, como não conseguimos que todas as atividades chegassem a todos os estabelecimentos, em número e diversidade houve uma preocupação na coerência de implementação a nível municipal”, começa por explicar a técnica superior do departamento de Intervenção Social e Educação da autarquia vimaranense, Vânia Silva. “O que pretendemos é que todas as crianças e alunos possam ter a oportunidade de realizar atividades que os divirtam e, ao mesmo tempo, potenciem competências distintas daquelas que são proporcionadas no período letivo”, acrescentou.
Desta forma, embora os 2390 alunos abrangidos por esta medida tenham mantido a rotina de ir para escola, encontraram por lá um conjunto de atividades que pretendem estimular o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades, enquanto estimulam a criatividade, praticam atividades físicas, aprendem a trabalhar em grupo e melhoram a relação interpessoal. Durante este mês, estas crianças dos três aos nove anos desenvolvem inteligências múltiplas, fortalecem novas competências e ampliam a autoestima e a confiança.
As atividades em causa foram escolhidas porque contribuem para a respetiva formação integral e para o fortalecimento das competências essenciais necessárias para o seu desenvolvimento saudável.
Vânia Martins enumerou atividades como a Oficina do Pensamento Crítico, um espaço-tempo de investigação colaborativa filosófico dirigido às crianças, os workshops de cerâmica e a oficina “Curtir Ciência” que promove o desenvolvimento de atividades científicas adaptadas a estas idades, a oficina “Um mundo melhor” que a partir da leitura do livro “Um mundo melhor - um guia para a bondade“ fomenta as relações interpessoais, a linguagem verbal e a não-verbal, yoga para as crianças, judo, ginástica e atividade física como é o caso do “Rope Skipping” que estimula as crianças a aprenderem a saltar à corda.
Em resultado das provas de aferição de 2017, o relatório oficial do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) demonstrou que os alunos do 1º ciclo mostraram dificuldades nas expressões físico-motoras e, em particular, estes resultados indicavam que 46% das crianças do 2.º ano não conseguiam saltar bem à corda. “De facto, os resultados são um alerta, que realmente nos chamou a atenção para a importância de implementar este tipo de atividades nas escolas. O Rope Skipping tem por base o saltar à corda e são utilizados uma grande diversidade de saltos, acrobacias e manejos de corda”, descreve a técnica superior. “As crianças ficam fascinadas com a utilização multifacetada da corda, e, ao adquirirem competências básicas, ganham confiança para progredirem mais facilmente neste âmbito”, acrescenta Vânia Martins.
Numa visita à Escola de Agrolongo foi precisamente isso que se confirmou: “Estas sessões traziam vantagens e, claramente verificamos que esta atividade representa uma mais-valia para a evolução e progressão física neste aspeto, além de que a autoconfiança é uma questão igualmente muito trabalhada, as tentativas, o alcançar o objetivo, este concretizar de algo que achavam não conseguir, é algo que se verifica na observação direta destas sessões”, descreve.
Todas estas atividades decorrem da estreita ligação do município com os clubes e associações desportivas existentes no território, e resultam sempre de parcerias que potenciem o desenvolvimento cultural, social e económico do concelho de Guimarães.
As preferências das crianças são tidas em consideração e, por isso, nuns estabelecimentos de ensino são privilegiadas determinadas atividades, porque as crianças manifestaram um maior interesse em determinada atividade. “Ao efetuar a calendarização temos em conta a opinião destas crianças”, garante Vânia Martins. “Contudo, achamos que podemos melhorar esta auscultação, as crianças podem dar-nos mais dicas daquilo que as fascina, daquilo que as possa motivar e, com uma boa análise, em conjunto podemos chegar a uma calendarização que promova várias áreas de intervenção”, reforça.
O feedback chega-nos da articulação constante entre o responsável municipal pelas atividades e os responsáveis por cada uma das atividades e os coordenadores dos estabelecimentos de ensino. “As opiniões e manifestações têm sido muito positivas, os alunos ficam muito entusiasmado com a chegada destas ‘novidades’ à escola, é sempre uma inovação, um fascínio ao conhecerem atividades diferenciadoras e modalidades desportivas novas, no entanto há sempre a questão da quantidade porque a pergunta mais frequente por parte das escolas prende-se na quantidade, isto é, gostariam de alargar o número de sessões de cada atividade nas escolas. Este é um assunto que está a ser analisado para as próximas interrupções letivas”, garante Vânia Martins.
Estas atividades são realizadas sempre que existam paragens letivas, designadamente no Natal, Páscoa e durante o mês julho.