Por ocasião das Eleições Autárquicas, Guimarães participou na iniciativa “Tenho Voto na Matéria”, lançada pela UNICEF Portugal e os resultados dessa consulta pública às crianças e jovens sobre o que pensam e desejam para as suas comunidades foram dados a conhecer a 03 de junho, no âmbito da Semana da Criança, que assinalou o Dia Mundial da Criança.
“O que pensam fazer para mudar esta percentagem bastante alta de crianças e jovens que dizem que nunca foram ouvidos?”. Esta questão foi colocada pela Maria, uma criança vimaranense depois de conhecer os resultados que estes inquéritos online vieram demonstrar: 75,30% dos jovens expressaram que nunca ou raramente dão a sua opinião quando os adultos tomam decisões sobre a comunidade onde vivem e 80% consideraram que nunca ou raramente a sua opinião foi tida em conta, se ou quando a deram.
“O que estamos a fazer hoje”, respondeu prontamente o presidente da Câmara Municipal de Guimarães (CMG), Domingos Bragança, numa sessão realizada no auditório da Biblioteca Municipal Raul Brandão. “É ouvir as nossas crianças. O caminho que fizemos com a UNICEF, a vossa escola e os vossos professores foi exatamente esse. Estar a ouvir as crianças e os jovens e ficamos com a ideia, ainda mais consistente, de continuar, de criar rotina, no dia-a-dia, de ouvir as crianças, nomeadamente a Maria”, concluiu o autarca.
Já no Salão Nobre da autarquia, Domingos Bragança, tinha referido que "as crianças e jovens sabem dizer o que querem que seja feito” e que por esse motivo “têm de ser ouvidas” e sentirem que as respetivas preocupações são atendidas. Para o autarca “é fundamental envolver toda a comunidade em todas as decisões e, em particular, a comunidade educativa que está mais próxima das crianças a fim de entrelaçar os esforços e vontades para a concretização dos projetos que são pretendidos".
Os resultados destes inquéritos online foram dados a conhecer a 19 de novembro do ano passado, num debate entre crianças, jovens e decisores políticos que contou com a participação da vice-presidente da CMG, Adelina Pinto, que também marcou presença nas várias iniciativas organizadas de auscultação às crianças durante a primeira semana de junho, em Guimarães.
Foi precisamente a também vereadora da Educação que respondeu à pergunta lançada por outra jovem que, em matéria de comunicação, interrogou que estratégias estariam previstas para dar a conhecer às crianças e aos jovens as medidas aplicadas e os eventos que vão ocorrer para que possam marcar presença no sentido de se fazerem escutar.
Adelina Pinto observou que esta era a ‘million dollar question’, por considerar que este é, realmente, um desafio exigente. “Temos duas questões que se colocam: primeiro como é que conseguimos, efetivamente, ouvir”, começa por dizer. “Estratégias de audição nós temos, claro que precisam de ser alimentadas, mas acho que estamos a fazer esse trabalho muito bem”, referiu depois de enumerar várias iniciativas desenvolvidas com o intuito de criar uma maior proximidade entre as crianças e a autarquia, nomeadamente, o Torneio de Retórica, o Eco-Parlamento e o Orçamento Participativo.
“A comunicação é uma outra questão: como é que nós chegamos aos jovens é algo que nós discutimos muito internamente. Temos consciência que muita da comunicação que nós fazemos nos jornais ou no nosso Facebook, os jovens não sabem”, admitiu a vice-presidente da CMG.
Nesta sessão Adelina Pinto aproveitou também para revelar que foi definido no Conselho Municipal da Educação que o eixo principal do próximo projeto educativo do município que se está a construir neste novo mandato é o da participação. “É definitivamente uma área que elencámos como prioritária”, frisa.
Outro jovem presente nesta sessão apontou que as redes sociais do município não têm o cuidado de orientar a respetiva comunicação para os mais novos: “Se houvesse um marketing direcionado para os jovens com estratégias direcionadas para os jovens terem a noção do que acontece na cidade e como é que eles podem intervir na sociedade”, referiu, motivando a resposta de Domingos Bragança para a importância de se criar um diálogo constante entre a autarquia e os jovens.
“Este ouvir e escutar de propostas que possam ser concretizadas e que não gerem frustração têm que ser sustentadas pela comunidade escolar” e “de um modo especial com a câmara municipal” de forma que a informação a que as crianças e jovens tenham acesso seja sistematizada e organizada e aceite por todos os intervenientes, seja a direção da escola, as associações de estudantes e até as associações de pais.
Domingos Bragança acrescentou que a proximidade entre a CMG e os jovens deve resultar na concretização de novos projetos e ações ou no melhoramento dos já existentes para que os jovens saibam tudo o que a Câmara Municipal dinamiza.
“O que se nota aqui é que não há nenhuma má vontade, antes pelo contrário, todos nós queremos ouvir as crianças e os jovens, as crianças e os jovens querem ouvir os adultos, nomeadamente, aqueles que têm autoridade e que têm responsabilidade nas instituições. Depois parece que há aqui dissonâncias que não conseguimos resolver, há alguns muros que é preciso demolir e é para isso que cá estamos hoje”. Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos BragançaBeatriz Imperatori, diretora executiva da UNICEF Portugal, apontou Guimarães como “um exemplo de excelência e que merece ser partilhado por outros municípios”, na base das políticas públicas de educação dirigidas para crianças. “Há uma sucessão de elementos que levou à distinção de Cidade Amiga das Crianças e nota-se que há uma governação de quem conhece o território e está próximo da população”, salientou ainda Beatriz Imperatori.
Esta sessão, também contou com a presença e participação das vereadoras Paula Oliveira e Sofia Ferreira e do vereador Nelson Felgueiras, além de representantes das várias organizações vimaranenses que atuam na área da infância.
O encerramento foi brindado com a apresentação do tema musical “Sou Criança”, pelo projeto musical Cool Band, apoiado pela Fraterna, com a participação das crianças da Escola EB1 Nossa Senhora da Conceição.
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“Tenho voto na matéria”
Os jovens menores de 18 anos provaram que têm voto na matéria ao aderirem à iniciativa que a UNICEF Portugal realizou entre os dias 15 e 26 de setembro de 2021. Guimarães foi um dos municípios que teve maior expressão na consulta pública aos jovens e crianças, através da iniciativa da UNICEF Portugal “Tenho Voto na Matéria”.
Os cerca de 10 mil contributos de crianças e jovens de todo o país recolhidos foram compilados num relatório final divulgado junto de decisores políticos e da sociedade em geral. Este projeto espelha a “experiência de colaboração, partilha e abertura”, que se pretende fomentar nos adultos e crianças a debaterem e pensarem juntos o futuro da sociedade e Guimarães também tem demonstrado essa preocupação, refletida também na Semana da Criança que decorreu entre os dias 28 de maio e 4 de junho.
“Quais são os maiores problemas que as crianças e os jovens enfrentam?”, foi uma das questões do inquérito que, em jeito de quizz, foi colocada durante a apresentação dos resultados para que a plateia pudesse responder. “Quem quiser participar pode pôr o braço no ar”, referiu uma das jovens que integrava o grupo consultivo do projeto “Tenho Voto na Matéria”. E a resposta correta foi dada na segunda tentativa deste jogo: a saúde mental (20,8%), a discriminação (16%), a internet e as redes sociais (11,6%) surgem nos resultados como as três principais preocupações das crianças e dos jovens.
Neste inquérito, cujos resultados foram validados pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica, as crianças e os jovens consultados demonstram que, apesar de não terem direito de voto, estão disponíveis para se envolverem. 38% das crianças e jovens inquiridos revelaram que, por vezes, o presidente da câmara municipal, da junta de freguesia e as suas equipas pensam nas crianças e nos jovens quando tomam decisões.
Para mais informações, pode consultar https://www.unicef.pt/tenhovotonamateria