Tiago Miranda tem 20 anos e tem um pé em Vizela e outro na cidade berço: voluntário desde 2018, é o atual presidente da Casa da Juventude de Guimarães mas também cofundador da associação Central Jovem Vizela.
Guimarães, Cidade Amiga das Crianças (GCAC) - O que te move?
Tiago Miranda (TM) - Move-me a vontade de ser melhor todos os dias, e de fazer com que os outros vejam o mundo da mesma forma que eu: feliz, bonito e com muito para nos dar.
GCAC - Em criança, já eras uma pessoa virada para o voluntariado?
TM - Penso que sim. Não me recordo bem, mas sei que tinha vontade de ajudar o próximo, e de fazer o melhor pelo mundo. Mas efetivamente, só comecei a fazer voluntariado com 16 anos.
GCAC - Quando é que a tua dedicação à área da juventude se começou a manifestar?
TM - Tudo começou quando tomei conhecimento da existência da CJG. Na altura, estudava em Guimarães e ingressar na associação parecia uma boa maneira de me tornar mais ativo para com a sociedade.
GCAC - Como foi teu percurso até chegares à Casa da Juventude?
TM - Como disse anteriormente, conheci a CJG quando estudava em Guimarães, na escola profissional Profitecla. No primeiro ano de estudo, após uma ação de divulgação por parte da CJG na minha antiga escola, decidi inscrever me. Aí começou a minha jornada nesta Casa que tanto me diz, e pretendo dar sempre o meu melhor por ela.
GCAC - Qual é a vocação da Casa da Juventude?
TM - A vocação da CJG é o apoio a crianças e jovens como fator primordial, mas também o apoio a toda a comunidade e claro, na promoção e defesa dos valores relacionados com a juventude e ainda o apoio que prestamos no âmbito da definição e aplicação de políticas de juventude no nosso concelho. A nossa prioridade, em termos de metodologia, passa pela criação e promoção de grupos informais de jovens, e no apoio que prestamos ao desenvolvimento, criação e desenvolvimento de projetos juvenis e associações juvenis ou de caris juvenil. Outra das nossas prioridades está relacionada com as ações de formação e capacitação para o público infanto-juvenil, como são os campos que realizamos. Realizamos por ano cerca de 40 ações e atividades, da qual destacamos o Acampamento de Jovens Vimaranenses que vai para a sua 14.ª edição.
GCAC - Que atividades a Casa da Juventude oferece?
TM - As atividades da Casa da Juventude de Guimarães são: Campo de Formação Inverno, Jornadas da Juventude, Campos de União de grupo, Campo de, Formação Primavera, Summer Camp, Campos de Férias para Crianças e Jovens, Centro de Atividades Ocupacionais, Acampamento de Jovens Vimaranenses, Campo de Animadores, Jantar de Natal, Grupos informais, Apoio Comunitário, Horas de Brincar, Centros de Convívio, Informática Sénior, Escola de Línguas, Escolinha de Musica, Brigadas Verdes, Escolinha de música, Academia de desporto, Academia teatro, Clube Unesco, Ocupação de Tempos Livres, Programas de Voluntariado, Estágios e o Clube Aventura.
GCAC - Que projetos promove?
TM - Os projetos que desenvolvemos, estão relacionados com as atividades descritas acima. Muitas vezes um projeto é materializado por uma ou mais ações. Um exemplo são os grupos informais. O Projeto chama-se ADeveNture, e tem por missão, criar e apoiar grupos informais de crianças e jovens, em particular em escolas. Outros projetos que temos, estão relacionados com o Instituto Português do Desporto e da Juventude, como as ações de voluntariado e OTL.
GCAC - Que atividades gostariam de realçar que tenham desenvolvido, até agora, dirigidas às crianças?
TM - Para as crianças mais novas, temos os campos de ferias infantis e a partir dos 14/15 anos já temos os campos de capacitação juvenil, que agora fazemos em parceria com a Câmara Municipal de Guimarães. Temos ainda o acampamento, as atividades de voluntariado e os grupos informais, para além da escola de línguas e de música que teve um funcionamento muito positivo estre ano.
GCAC - É possível avaliar o impacto da existência desta estrutura para o território vimaranense?
TM - Sem duvida que será, mas não o deve ser feito por nós. É ser juiz em causa própria. Claro que podemos pensar que minimizamos os problemas dos jovens, até porque também fazemos parte da comissão alargada da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, e durante muitos anos tivemos um técnico na comissão restrita. Mas acreditamos que temos mais impacto nos jovens, na sua estabilidade e bem-estar, fruto dos campos de capacitação. Ajudamos todos os dias a criar homens e mulheres mais conscientes, fortes e ativos para servirem a sociedade vimaranense com o máximo de dedicação, empenho e conhecimento.
GCAC - Que balanço fazem do impacto da vossa atividade, em particular, na vida das crianças?
TM - Fazemos um balanço positivo. Mas é um trabalho que não acaba. Os jovens continuam a ser desafiados e a enfrentar problemas complexos, que carecem de apoio de todos, numa cidade onde as políticas e medidas para a juventude, só agora começam a ganhar forma e expressão. Gostamos de pensar que temos impactos neles, que seguem cursos superiores porque os incentivamos e os consciencializamos para essa importância. Mas também falhamos. Temos poucos meios e recursos financeiros. Gostávamos e precisamos de fazer mais mas, simplesmente, os recursos não chegam.
GCAC - Quais são as mais recentes novidades que queiram divulgar?
TM - Temos uma parceria com a CMG em que realizamos o Summer Camp. Estamos a dar apoio ao 1.º festival da juventude de Guimarães, o Juvfest, e estamos em fase de voltar ao trabalho com as escolas e as associações juvenis e estudantis de forma a levar até às escolas o nosso trabalho.
GCAC - Na sua opinião, qual é a importância desta iniciativa da UNICEF?
TM - É muito importante.
GCAC - E do empenho de Guimarães com o compromisso de ser uma Cidade Amiga das Crianças?
TM - Não tenho visto muito isso. O que tenho observado é o apoio que existe às organizações sociais para levarem a cabo o seu trabalho. Trabalho esse que é depois canalizado para as dinâmicas promovidas pela Cidade Amiga das Criança. Ou seja, na prática não há nada de novo, e os projetos e ideias que foram lançadas, aguardam ainda execução.
GCAC - Quais são as expetativas da Casa da Juventude em relação a este programa?
TM - Nenhumas.
GCAC - Qual á importância da aposta num território amigo das crianças?
TM - Seria bom se funcionasse com algo de novo e refrescante.
GCAC - Quais são as expetativas da Casa da Juventude em relação ao futuro das crianças do município e do país? Que preocupações te inquietam?
TM - Não são boas. De todo não são as melhores. Continuamos a ter as crianças e jovens mais capazes, mas depois não temos forma de as ajudar, e elas acabam por procurar noutros concelhos e noutros países o que não têm cá. A parte da saúde mental é cada vez mais um problema, fruto do isolamento e de uma má utilização das redes sociais e da internet. O facto de termos poucos meios para os ajudar, preocupa-nos ainda mais.
GCAC - A nível local, como se alinham organizações como a Casa da Juventude com a implementação no terreno das medidas necessárias?
TM - Temos as nossas medidas que sabemos fazem parte do plano, mas sentimo-nos um pouco afastados.