Com o Natal à porta a excitação das crianças está ao rubro. É um tempo de expetativa e, na maior parte das vezes, esta gira à volta dos presentes que vão receber. O programa Guimarães, Cidade Amiga das Crianças esteve à conversa com a Carolina, a Célia e a Gabriela, três mães, para saber como é que o André, o Luís, a Maria, o Duarte, o Martin e a Laura reagem a esta época festiva e de que forma a família resiste ao consumismo desenfreado.
A quadra natalícia na casa de Carolina Pereira começa logo depois da noite do Pinheiro, num dia que seja propício à montagem da árvore de Natal. “Todos os anos criamos algo com material reutilizado”, começa por contextualizar a mãe do André, de três anos, e do Luís que tem um ano. “Este ano montamos um pinheiro com caixas de cartão, dentro colocamos prendas para meninos de uma instituição de solidariedade de Guimarães. O André ajudou em tudo e diz que são presentes para os meninos ‘que não têm muitas coisas’. Separou alguma da sua roupa e brinquedos para partilhar com esses meninos”, descreveu a mãe.
Na carta ao Pai Natal o André pediu carrinhos e disse "que às vezes se porta bem e às vezes se porta mal". Tratou também da carta do irmão Luís e pediu para ele um guarda-chuva transparente - igual ao dele e que o irmão adora - e um capacete para a bicicleta.
Os pais não estão a pensar dar-lhes prendas físicas, talvez apenas um miminho porque gostam de apostar nas experiências ao longo do ano e durante esta quadra natalícia.
“Fazemos também um calendário do advento em que colocamos atividades para fazer por dia como ‘cantar uma música de Natal com instrumentos’, ‘fazer uma caça ao tesouro’ e também frutos secos. No dia 24, desde que nasceu o André, começamos a tradição de plantar uma árvore”, conta Carolina Pereira. “São dias de muita excitação, amor, calor e família”, remata.
Célia Cardoso é mãe dos gémeos Maria e Duarte com cinco anos. “A Maria pediu maquilhagem e o Duarte uma escavadora”, revela a vimaranense. “Vamos dar-lhes exatamente o que eles pediram”, revela. Com a família alargada, num Natal passado em casa da Célia Cardoso “com muita música, jogos e brincadeiras”, renderam-se ao amigo secreto já há muitos anos,. “Compramos apenas uma prenda e tentamos sempre que tenha um simbolismo”, explica.
A Laura tem seis anos e pediu a casa de bonecas da Gaby e uma boneca. O Martin tem oito e pediu a bola do mundial e uma guitarra elétrica. Gabriela Santoalha confessa que vai dar aos filhos o que pediram. “O Natal é uma época do ano muito feliz. Na nossa família vivemos esta época sempre com muito entusiasmo e muito amor. Fazemos as decorações em casa, visitamos mercados de Natal, fazemos bolachas natalícias, passamos muito tempo em família e conversamos muito sobre o que significa realmente esta época do ano e de como devemos ajudar quem mais precisa”, descreve.
Este ano, a família de Gabriela Santoalha vai passar o Natal com os avós, tios e primos. A família é muito grande, mas assume que os presentes são dados apenas à “família mais chegada e cada um recebe uma prenda”.
Há filhos que pedem o que não podem ter, há pais que dão mais do que os filhos pediram. De que forma se equilibra esta balança para se dar valor à quadra festiva, independentemente, da generosidade do Pai Natal? E como se deve gerir as diferentes vontades e motivações no seio da família?
Carolina Pereira acha que os filhos não dão o devido valor às coisas e é, por isso, que a família tenta apostar em "menos é mais" e em valorizar “o tempo de qualidade” que passam com eles, com os amigos e com a família. “A gestão das prendas de Natal da família é difícil, por um lado não queremos que recebam imensas prendas, por outro compreendemos que é a forma das pessoas demonstrarem o seu carinho. Tentamos fazer uma lista com coisas que necessitam para que eles recebam também prendas úteis”, explica.
Célia diz que também se preocupa com o consumismo excessivo e com o entendimento que os filhos possam ter em relação às prendas e ao verdadeiro significado do natal: “Tentamos ao máximo mostrar-lhes que o natal não é sobre bens materiais, bem pelo contrário: é um tempo de partilha e de reflexão”.
É uma postura que também Gabriela Santoalha tenta incutir aos filhos: “Enquanto pais preocupamo-nos muito com a noção de consumismo, especialmente nesta época do ano. Este ano tentamos transmitir-lhes a ideia de que o Pai Natal só vai trazer dois presentes para cada criança e que é muito importante partilhar”.
Para ajudar a refletir sobre estas questões - formas de evitar o consumo excessivo, tentar resistir aos pedidos dos mais novos que são invadidos por imensa publicidade nesta altura do ano e repensar o Natal em família – há vários artigos espalhados pela internet.
A começar pelo guia prático divulgado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) com sugestões para manter a saúde psicológica e financeira na hora de comprar presentes, divulgado pelo jornal Expresso.
A SAPO Lifestyle num artigo fala da importância do Natal para a educação dos filhos e dá algumas dicas para poupar na hora de comprar prendas.
Lançando perguntas como “Qual o significado do Natal?”, “Temos de dar presentes?”, “Será que o seu filho pode fazer algum presente?” este artigo pode ajudar a pensar sobre o valor do Natal e se queremos alterar a maneira como é vivenciado.
Num artigo do jornal Sol, a psicóloga educacional Sónia Rodrigues explica que “não é o consumismo que torna as crianças mais felizes”.
Outro artigo do programa brasileiro Crianças e Consumo prepara uma lista de sugestões para promover um Natal sem consumismo, com muitas brincadeiras e criatividade. A publicação aconselha que sejam fortalecidas as tradições ou sejam criados novos hábitos porque são atividades que não envolvem o consumo e permitem criar memórias afetivas.
As equipas da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, da Associação de Cozinheiros Profissionais de Portugal e da DECO PROTESTE apresentam algumas ideias de receitas de bolachas, bolos e outros doces que pode fazer e oferecer no Natal. No artigo podem ver escolher entre as várias ideias e sugere que também possam caprichar nos embrulhos usando materiais diversos.